Fazem alguns anos (40) que tenho observado o cenário político do Sul de Minas – de Lavras a Varginha e Elói Mendes até Alfenas, Campos Gerais e Campo do Meio, chegando até Pouso Alegre e Poços de Caldas, além de Três Corações, Caxambu, São Lourenço e Itajubá, e mais as cidades circunvizinhas a estas.
Na condição de sujeito político que sou – considero-me sujeito político, não só no campo partidário, mas do cotidiano, das ações sociais, entre outras. Essa inserção me possibilitou perceber o quanto era importante se escolher bons representantes políticos.
Hoje, ao observar as atuais campanhas politicas e relembrando minhas experiências nesse campo, passei a compreender que a fragilidade de alguns representantes está diretamente relacionada à fragilidade politica da população que os tem escolhido.
Os politicos que hoje estão nas ruas – e aqueles em seus gabinetes – em sua maioria (salvo alguns) não tem representado os interesses da população. Estes, que antes defendiam uma ideologia partidária, hoje nem isso fazem. Transitam de palco em palco (comícios), contracenando com atores de “diferentes cores,” promovendo-se afim de conquistar suas “vitórias” eleitorais.
Ou seja, a legenda dos partidos, bem como o programa de atuação, são colocados de lado em nome da manutenção do poder, materializando na prática o que tinha nos alertado Maquiavel quando em sua obra “O Príncipe” afirmara que os fins justificam os meios.
Não são poucos os casos de denúncia de corrupção, maiores os que não são divulgados. Tudo tem sido divulgado amplamente na mídia, e da mesma forma (infelizmente) esquecido na primeira leva de novas noticias, no primeiro gol da copa ou do brasileirão.
Por falar em copa, penso que são muitos os representantes que descem de seus tronos de marfim de quatro em quatro anos. Descem aos infernos quentes – ruas pobres esburacadas e sem saneamento, nos sertões sem água, esquecidos momentaneamente por eles mesmos. Porém lembrados agora, depois de quatro anos.
Descem ao encontro do povo, do povão, da massa; ao encontro dos que possuem o poder verdadeiro, e que, alienados por um universo de fatores, renunciam suas importâncias delegando a muitos parasitas seus poderes através de uma pseudodemocracia.
Renunciam por não compreenderem o significado amplo da palavra “cidadania”, limitando-se a considerarem-se cidadãos apenas no breve momento que se encontram diante de uma frágil máquina – a urna (uns 30 segundos).
E nesses momentos, vão conquistando votos, apertando nas mãos sujas e calejadas dos trabalhadores, suando e cantando suas músicas infernais e mentirosas, que profanam e desmistificam o significado das palavras mais sublimes: ética, verdade, honra, amor, compromisso, etc.
Após terem conquistado os votos, eleitos pelo povo, mas não para o povo, retornam aos gabinetes limpos com ar condicionado, verbas e passagens, planos de saúde, reuniões, salários formais e informais. Voltam para defender os seus, não os outros; promovendo ações que não condizem com suas promessas publicas, com seus papeis constitucionais.
São essas ações que me motivaram a fazer esses breves comentários sobre a politica.
Mas ressalvo que a grande maioria dos políticos com os quais convivi e ainda convivo, são merecedores do inverso acima por mim colocado, esmerando em fazer algo de bom e de melhor para os eleitores e a população que lhe confiaram o voto desprovido de interesse particular.
É importante registrar que, as vezes que me propus discutir estas reflexões sobre a campanha politica, no espaço de trabalho e outros tidos como democráticos, até os que consideravam semelhantes se levantaram contra mim, empunhando suas espadas ameaçadoras e me condenando ao “exílio das repartições públicas”.
Diante de algumas ações que procuraram me impor o silêncio, meu sentimento de empoderamento foi se nutrindo por uma força de resistência que tem se expressado na ideia de que ainda posso mudar alguma coisa. Fui nutrindo um contra-discursso que poderia ser gritado silenciosamente nas minhas edições do Bom Dia, Leitor.